Um olhar artístico e lúdico sobre a Ilustração Botânica
(Pollyanna Queiroz)

Tão antiga e tão atual. A Ilustração Botânica feita à mão continua sendo produzida em alta demanda, e mesmo assim, com uma carência muito grande de profissionais. No Centro de Ciências Biológicas, um ilustrador pode notar o vazio. Seria a dificuldade do trabalho?

O que para uns é um trabalho excessivo que não vale a pena, outros tomam como um desafio a ser enfrentado. Explicarei:

A ilustração botânica, como no meu exemplo para a morfo-taxonomia, é algo que necessita de uma riqueza de detalhes que não só depende do artista, mas também do conhecimento do botânico. Isso pede um trabalho em conjunto que pode levar dias, até semanas.

Isto ocorre por diversos motivos como:
  • Planta muito pequena: temos acesso à microscópios, porém há estruturas pequeníssimas;
  • Planta desidratada: é assim que ela fica arquivada em herbários, em uma pasta. O ruim disso é que a planta adquire um caráter plano, que por vezes nos exige uma criatividade para desenvolver um hábito¹.
  • Planta danificada: plantas desidratadas se quebram muito facilmente durante o manuseio, causando dúvida na reprodução, assim como fungos e outros danos na planta.
Mesmo uma planta recém colhida, verde e no seu fulgor contém informações que podem passar despercebidas a um olhar destreinado. Porém, o tempo e a dedicação vão treinando o olhar para as características comuns a umas plantas, à outras não.
Um artista que ingressa numa área antes desconhecida, se impressiona com a variedade de formas desconhecidas dos vegetais colhidos em excursões, vegetais aos quais não temos acesso na cidade.

Na ilustração científica para morfo-taxonomia, utiliza-se canetas nanquim para a arte final. Cada um tem seu estilo artístico, porém certas características são (e devem) ser comuns:
  • Traço firme e preciso, seja grosso, seja fino;
  • Sombras feitas com pontilhismo ou hachuras, como melhor convir;
  • Desenho limpo e simplificado, evitando informações desnecessárias.
Com o convívio no laboratório, as nomenclaturas científicas das partes dos vegetais vão sendo incorporadas ao vocabulário do ilustrador, e isso facilita o entrosamento botânico-artista, otimizando o tempo.

Por fim, a experiência como ilustrador botânico adiciona um conhecimento relevante ao ilustrador, repleto de descobertas e permite uma nova rotina.
Pense nisso, ilustrador, pesquise laboratórios nas faculdades próximas e entre em contato, provavelmente estão precisando de alguém que pode ser você.



Eugenia candolleana - Ilustração de Pollyanna Queiroz durante treinamento no laboratório de Morfo-taxonomia Vegetal

Make a Free Website with Yola.